terça-feira, 24 de julho de 2012

Um pouco sobre Drummond


- Nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental". De novo em Belo Horizonte, começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
- Ante a insistência familiar para que obtivesse um diploma, formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Fundou com outros escritores A Revista, que, apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962. Desde 1954 colaborou como cronista no Correio da Manhã e, a partir do início de 1969, no Jornal do Brasil.
- Torturado pelo passado, assombrado com o futuro, ele se detém num presente dilacerado por este e por aquele, testemunha lúcida de si mesmo e do transcurso dos homens, de um ponto de vista melancólico e cético. Mas, enquanto ironiza os costumes e a sociedade, asperamente satírico em seu amargor e desencanto, entrega-se com empenho e requinte construtivo à comunicação estética desse modo de ser e estar.
- Morreu no Rio de Janeiro RJ, no dia 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.
- Inclinação intelectual para o pensamento de esquerda.
- Fez da própria distância social a medida de seu engajamento, furtando-se por completo à “derrapagem ideológica”.
- Sentimento do mundo: sujeito lírico no confronto com o espaço da grande cidade
- Despertar: tomada de consciência desse eu em relação à nova realidade social com que se defronta.
- Esse despertar é experimentado como algo tardio e, por isso mesmo, com uma boa dose de remorso, levando ao pedido de perdão. Esse pedido, aliás, representa a primeira retratação (no duplo sentido do termo) da culpa social (sentimento do mundo é também sentimento de culpa), que se intensificará nos livros seguintes, de forma cada vez mais violenta.
- Soma-se ainda a alienação do próprio eu lírico, configurada por suas limitações, sua decisão e ação tardias, e o total despreparo para a luta, a ponto de não saber sequer da existência de uma guerra e, portanto, não dispor do básico para enfrentá-la – o que parece, no fim das contas, comprometer irremediavelmente o alcance de seu empenho solidário.
- Anos 40: populismo getulista, aceleração do processo de mercantilização da força de trabalho e das relações sociais no país, ascensão dos governos totalitários, Segunda Guerra Mundial.
- A rua é o espaço “onde se combate”.
- Em função mesmo dessa ameaça das ruas, nosso poeta tenderá a recolher-se em um espaço interior, a partir de onde buscará estrategicamente captar a realidade externa. É, assim, através da janela, que o eu lírico observa a cidade à distância e dirige a ela seu apelo solidário. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário